47. Qual a palavra mais indicada para designar a paternidade de José em relação a Jesus?

Há sem dúvida uma dificuldade para designar a paternidade de José, sendo este caso único e singular; portanto nossa língua não possui um termo que a defina exatamente.

Por isso, muitos chamam-no de “Pai adotivo”, porém é uma palavra inadequada, pois indica uma relação paterna com o filho que não é da família, mas que se tornou tal em virtude da lei. Jesus não era estranho à sua família; José personalizava a paternidade divina sobre ele.

Outros designam que a sua paternidade é de “pai legal”, baseando-se nas palavras do anjo a José dizendo-lhe de receber Maria como sua esposa, e que dela nasceria um filho no qual ele colocaria o nome de Jesus (Mt 1,21). Esta designação possui um sentido estritamente jurídico, embora expresse que Jesus é legitimamente reconhecido diante da lei como filho de José. Com isso vem conferida a José a legitimidade de sua paternidade, inclusive com o título messiânico da descendência de Davi. Contudo esta explicação tem um significado formal e não responde à relação íntima entre o pai e o filho, portanto é incompleta.

Há ainda a denominação de “pai virginal”, esta por sinal bastante comum entre os teólogos: um título que não deixa de ser impróprio, embora possa ser um dos mais adequados e aceitáveis porque capta a essência espiritual desta paternidade e determina a sua natureza, pois coloca José juntamente com Maria dentro do matrimônio virginal do qual nasceu Jesus. Contudo esta expressão é ainda imprópria, pois Maria Virgem concebeu por obra do Espírito Santo dando um corpo, carne e sangue a Jesus, enquanto que José em nada disso cooperou.

Há ainda a designação de “pai nutrício” devido à dedicação de José como pai. Este também é um termo inadequado, pois ressalta algumas funções do exercício de sua paternidade, tais como alimentar, defender, cuidar de Jesus, e isso é restringi-la.

A teologia josefina procurou também chamá-lo de “pai matrimonial” em virtude de seu matrimônio com Maria, visto que o seu matrimônio foi querido por Deus em razão da acolhida de Jesus. Esta denominação é incomum, assim como a expressão “pai vigário” para indicar que José fez as vezes de Deus Pai aqui na terra para Jesus, mesmo porque é uma linguagem difícil de ser compreendida.

Por fim alguns teólogos exprimem a opinião de que a designação da paternidade de José deve ser aquela expressa em Lucas 3,23 : “Ao iniciar o ministério, Jesus tinha uns trinta anos, filho, segundo se pensava, de José”... Este título também exprime pouco, pois apenas salienta que os moradores de Nazaré acreditavam que ele era o pai de Jesus, não destacando os aspectos positivos de sua paternidade.